Devemos deixar a análise das transformações de nosso tempo como tarefa privilegiada dos jornalistas? Os filósofos devem apenas, segundo uma famosa imagem dada por Hegel em sua Filosofia do Direito, esperar o entardecer dos acontecimentos para analisá-los, comprrendê-los e julgá-los? Nos tempos atuais, de aceleradas transformações materiais e intelectuais, os filósofos podem se eximir dessa tarefa sem perderem o essencial de seu ofício?
Certamente a análise feita por jornalistas nos meios de comunicação de massa são insuficientes para a compreensão da complexa teia de interações e transformações de nossa realidade presente. De outra parte, os filósofos possuem um instrumental teórico e analítico muito mais poderoso e rigoroso, mas pouco aplicado à compreensão da vida presente. Ao delegar a tarefa de análise da realidade presente e atual aos jornalistas, estariam os filósofos à altura de sua tarefa? Aristóteles, Descartes, Leibniz, entre outros, tinham em comum não apenas uma concepção filosófica do real, como também uma pretensão de um conhecimento totalizante, que abarcasse a totalidade do real em suas diversas espeficidades. Para tanto, não se constrangeram em empreender investigações e análises empíricas, quer do mundo natural, quer do mundo cultural. Catar conchas, colecionar constituições, descrever a circulação sanguínea, servir no exército e no serviço diplomático foram tarefas executadas com afinco por filósofos hoje considerados canônicos pela acadêmia.
Considerando que o conhecimento humano se especializou, dividindo-se num sem-número de disciplinas e áreas distintas, nos últimos 200 anos, ainda assim há espaço para análise das concepções contemporâneas de homem e natureza que não fiquem restritas a uma área específica do saber. Ainda é possível fazer filosofia sem olhar apenas para a sua história.
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