9 de jun. de 2008

Argumentos do tipo ad hominem ofensivo

Argumentos do tipo Ad hominem tentam refutar uma afirmação ou proposta atacando seu proponente e não fornecem um exame ponderado da afirmação em questão. ‘Ad hominem’ significa “contra a pessoa”.
Argumentos do tipo
ad hominem ofensivo são uma espécie de ad hominem onde se ataca uma pessoa, geralmente de forma depreciativa, por uma peculiaridade sua. Seja idade, caráter, família, sexo, moral, posição social ou econômica, personalidade, aparência, roupa, comportamento profissional ou político, ou filiação religiosa. A dedução é que não há motivo para aceitar seriamente as opiniões da pessoa. Por exemplo: fulano é mau caráter. Logo, não devemos aceitar o que ele está dizendo.
Infelizmente o noticiário político estadual dos últimos dias está repleto de argumentos falaciosos, que não são amigos da lógica nem da argumentação racional. Na última briga intestina entre membros do primeiro escalão do governo Ieda, de repercussões políticas ainda incertas, mas graves, foi transmitido ao vivo, mais uma falácia ad hominem ofensivo, que fornece a base para a estratégia de defesa de uma ala do governo gaúcho contra outra.

X reclama que está sofrendo assédio moral devido às irregularidades que estão sendo cometidas por parte da gestão estadual, da qual faz parte.

Adicionalmente, X afirma que, como autoridade pública, não pode se omitir frente provas de irregularidades em órgãos públicos, pois isso seria crime de responsabilidade

Como prova da afirmação de X, há uma cópia de uma conversa gravada entre X e Y, onde Y confessa esquemas de irregularidades em órgãos públicos com objetivo de financiar campanhas eleitorais (inclusive do atual governo)

Y admite a existência de irregularidades em órgãos públicos, realizadas para financiar o atual governo

Y não sabia que estava sendo gravado por X, logo X é mau caráter.

Conclusão: não devemos acreditar que X sofreu assédio moral nem que há irregularidades desse governo não investigadas.


5 comentários:

  1. Bem legauu isso de trazer a lógica para a análise do cotidiano.

    ----- no caso acima, a "conclusão" é ruim (falaciosa), certo?

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  2. Sim, é uma falácia do tipo ad hominem ofensivo. Ao invés de discutir a idéia ataca a pessoa e extrai como conclusão de que não devemos aceitar a idéia.

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  3. Anônimo15:42

    Muito bom, Fabian, muito bom mesmo.

    Ouvi, via rádio, as justificativas públicas do sujeito flagrado, e esperneava ao ouvir as intervenções dos repórteres, que não apresentavam a ele durante a entrevista o único argumento cabível, que aqui claramente apresentaste.

    E o que dirias da atitude em si de Feijó? Crês que, nesse caso, um bem maior - a revelação pública de fatos contrários aos interesses coletivos - se sobrepôs a um mal menor - a suposta "traição" aos interesses privados e obscuros de Busatto? Se é o caso, então há fins que justificam determinados meios, quando interesses privados obscuros são flagrantemente menores do que determinados interesses públicos?

    Gostaria de saber o que pensas sobre isso, se puderes, já que me parece algo indissociável do fato em questão. Se o César quiser colaborar, também será bem-vindo.

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  4. Oi Marcelo,
    a resposta eu já adiantei em um comentário ao Animot, mas reconheço que há vários pontos a serem analisados. O que realmente me importa é esse:
    Como eram dois homens públicos no exercício de suas funções, tratando de temas públicos, não vejo problema moral em tornar pública a conversa. Aliás, as razões de estado que me perdoem, mas essa deveria ser a regra do nosso modus vivendi.

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  5. Anônimo17:52

    Olá Fabian,

    Li a postagem do César, assim como teu comentário, que inclusive deixaram minha pergunta mais clara, e creio que a análise de vocês finaliza a questão.

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