13 de fev. de 2009

Quem foi Vitruvius?

A comunidade acadêmica da filosofia está em alvoroço com os concursos que têm ocorrido na área. São várias vagas, em inúmeras universidades. Entre as novidades, é possível perceber um nítido aumento e amadurecimento da filosofia acadêmica. A grande maioria dos editais exige doutorado concluído e, mesmo assim, a concorrência é grande e a disputa é acirrada.

Além de problemas pontuais, uma questão que tem aparecido nas conversas são os critérios que as Universidades Públicas Federais têm adotado para a seleção dos seus candidatos. Algumas criam empecilhos meramente burocráticos - tão absurdos quanto um bom conto de Kafka - como, por exemplo, exigir graduação e doutorado em filosofia, não fornecer os pontos do concurso senão de maneira presencial, não aceitar inscrição via procuração etc. O pretexto é o grande número de candidatos... como se isso fosse um problema e não uma enorme vantagem para o departamento de filosofia, já que as chances de se escolher um perfil compatível com as diretrizes do curso aumentem muito. Ou seja, o que fazer com os limões? Colocar fora e não fazer limonada coisa nenhuma!

Os candidatos que habilmente pularem as barreiras meramente burocráticas e sem nenhuma relevância para avaliar um bom professor e pesquisador em filosofia, se deparam com outras barreiras igualmente surpreendentes. O sorteio de pontos aleatórios de história da filosofia é o mais incrível deles. A estratégia é elencar uma série de pontos obscuros e pouco conhecidos e sorteá-los para os candidatos responderem. Sorte, muita sorte é necessária para ser professor de filosofia! Vitruvius, autor relevante para a compreensão do início da modernidade no renascentismo italiano, já se candidatou para ser uma das balas na roleta russa.

Um caminho, sugerido pelo Rogério Severo, poderia ser: avaliar o que o candidato tem de melhor e não ser uma versão burocratizada do jogo dos sete erros. Isto é, assim como foi o concurso da UFMG, o melhor critério parece ser a avaliação do projeto de pesquisa do candidato, focando especialmente sua relevância para a disciplina à qual se dedica e para o departamento onde irá trabalhar.

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